Não é urubu: conheça o tapicuru, novo morador das praias do litoral paulista; VÍDEO
14/08/2025
(Foto: Reprodução) Conheça o tapicuru, novo morador das praias do litoral paulista
Ave incomum no litoral de São Paulo até cinco anos atrás, o tapicuru (Phimosus infuscatus) começou a ganhar território na Baixada Santista e tem chamado a atenção de moradores e turistas pelas características e comportamento tranquilo.
Ele até pode enganar alguns à primeira vista e se passar por urubu, um animal conhecido na região, de plumagem escura e grande porte, mas, apesar dessas breves semelhanças, não têm nenhum grau de parentesco… E os hábitos? Ah, esses são bem diferentes.
Quem explica mais sobre a espécie é o biólogo Leonardo Casadei, autor do livro Aves da Costa da Mata Atlântica, que inclusive registrou as fotos desta reportagem.
Ao g1, ele contou que o animal tem plumagem escura alinhada, bico longo e fino, pernas longas e mede de 45 a 55 centímetros. Os dedos finos revelam outra característica: são adaptados para caminhar em solos úmidos e encharcados.
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Urubu e tapicuru
Samuel Maria e Leonardo Casadei
Segundo o especialista, esses animais são comuns na América do Sul, em brejos, várzeas, margens de rios e áreas de mangue. No Brasil, são muito vistos no Sul do país, de onde provavelmente migraram para o litoral paulista.
“O tapicuru está por todos os lados. Ele, de fato, dominou a região”. O biólogo ressaltou que a ave não traz prejuízos ao ecossistema da região.
E por que vieram para o litoral de SP?
Casadei explicou que não há uma pesquisa que aponte os motivos pelos quais os animais migraram para a Baixada Santista, mas destacou que a região oferece boas condições para acomodar a espécie que, por sua vez, passa a se reproduzir.
“Ele precisa de uma área descampada, né? Então, aqui a gente vê muito (tapicuru) ao longo da Via Expressa Sul na Praia Grande, muito em área gramada, parque. E em Santos, ele se tornou comum nos jardins da praia”. O especialista citou que também há muitos registros em Mongaguá e São Vicente.
O biólogo ressaltou que, não necessariamente a ave precisa de área alagada: “Ele forrageia (busca alimento, como minhocas e pequenos crustáceos) também no gramado, no solo, ele precisa de solo [...]. A geografia da nossa região ajudou muito para que ele conseguisse se proliferar dessa forma”.
Crescimento registrado
População de tapicuru aumentou na Baixada Santista
@leonardocasadei_aves
Mesmo sem uma pesquisa sobre a migração e aumento populacional da espécie na Baixada Santista, o maior número de tapicurus é perceptível para moradores, turistas e observadores de aves.
E essa comunidade que costuma fotografar pássaros tem por hábito registrar os avistamentos em plataformas.“Muitos observadores fazem listas quando vão sair para observar. [Eles fazem] tanto no WikiAves, publicando fotos, como no eBird, que é uma plataforma onde você registra as espécies que observou no dia.”
Casadei acrescentou: “E aí começaram a aumentar muito as observações do tapicuru. Isso vem sendo gradual, e as pessoas começaram a notar a presença dele”.
E o contato com humanos?
O biólogo ressaltou que o tapicuru não ataca e tende a fugir por instinto, embora seja uma ave mansa e permita a aproximação de humanos. A orientação é que as pessoas não toquem no animal.
“É tão gostoso observar as aves e a natureza. É uma das coisas mais bacanas para mim, pelo menos. Então, observar, não tentar ficar muito perto, não tentar pegar. Respeitar o espaço, acho que seria a resposta certa”.
O animal está classificado como “pouco preocupante” para risco de extinção pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
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