Após morte do pai, servidora transforma luto em artesanato com materiais reciclados no AC: 'A arte me salvou'

  • 08/06/2025
(Foto: Reprodução)
Valdiza Moniz tem 52 anos e começou a se aventurar no mundo do artesanato em um contexto de pandemia e luto. Com folhas secas, galhos e demais itens da natureza, a artista cria peças únicas, ministra oficinas gratuitas e sonha em formar equipe para espalhar seu conhecimento. Valdiza Muniz é servidora pública e fez da arte uma aliada à sustentabilidade e ao bem-estar pessoal Yuri Marcel/Arquivo pessoal Em meio à dor, veio a criação, o olhar aguçado e a vontade de contribuir com o desenvolvimento sustentável por meio da arte. Assim ocorreu com Valdiza Moniz, de 52 anos, que encontrou no artesanato o refúgio para enfrentar o luto pela morte do pai, no início de 2020, e o isolamento social ocasionado pela pandemia de Covid-19. 📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp Ela é acreana, professora e servidora pública do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC). No mês em que o planeta é convocado a preservar o meio ambiente, Valdiza contou ao g1 como o uso sustentável da natureza na arte mudou a vida dela, bem como a forma de enxergar o mundo e a de lutar, inclusive, contra os próprios medos. Sem formação na área ou patrocínio inicial, a artista começou a recolher resíduos naturais e recicláveis nas ruas de Rio Branco e a transformá-los em peças únicas de artesanato sustentável, algumas já reconhecidas e enviadas para fora do estado. “Eu troquei meu carro fechado por uma caminhonete só para poder catar com mais facilidade. Saía do tribunal e ia direto pra rua. Meus colegas até brincavam. No começo eu catava sem saber o que ia fazer. Agora não: eu olho e já vejo o que aquilo pode virar. É como se o olhar fosse se educando”, falou. LEIA TAMBÉM: Programação do mês do Meio Ambiente tem limpeza de igarapés na capital e rios no interior do AC Casa do Artesanato Acreano é reaberta na Gameleira, em Rio Branco: 'temos que criar pontes' Artesanato acreano fica em 1º lugar de vendas em maior feira de artesanato do Brasil Idosa acreana faz sucesso com receitas e dicas de artesanato na internet: 'Amo ensinar' Para realizar sonho de infância, acreana se torna artista plástica aos 52 anos: 'pintar é o que eu amo fazer' Peças são produzidas com 'descartes' naturais e, após passar por processos de ressecamento, se transformam em artesanatos únicos Arquivo pessoal Arte que vem do chão Buriti, castanha, sementes, folhas secas, cascas de côco, palha de milho e até partes de móveis descartados. Nada escapa do olhar da artista, que foi sendo treinado aos poucos. O que para muitos seria lixo, para ela são insumos criativos. “Antes disso, eu não tinha todo esse olhar para a natureza, eu não via [que] tanta coisa que vai para o lixo poderia virar renda, emprego. Eu vejo possibilidade, sim, de desenvolvimento sustentável com peças que são feitas com tudo o que a gente tem aqui, de forma bem abundante”, complementou. Initial plugin text E é a partir desse olhar artístico e consciência ambiental que Valdiza produz quadros, arranjos florais com folhas desidratadas e até presépios temáticos com animais da fauna amazônica. Um deles, feito sob encomenda para uma clínica veterinária, incluiu capivaras, gatos e cachorros. “Eu faço todo o processo: recolho, higienizo, impermeabilizo. É demorado, mas essencial. Um quadro como o mapa do Acre, por exemplo, leva cerca de cinco horas de produção, desde que o material já esteja limpo”, explicou. Valdiza produz, dentre as artes, o mapa do Acre; segundo ela, o item leva até cinco horas para ser montado, sem contar com os processos anteriores Arquivo pessoal Aliado ao bem-estar Atualmente, Valdiza tem um ateliê. Mas o começo de tudo não foi assim. Todo o processo, que inclui o preparo do material até a confecção, era feito na própria residência dela. A inspiração, segundo ela, é a peça-chave para a produção. “No pós-pandemia, todo mundo ficou no cenário de sobreviventes de guerra. Eu me identifiquei tanto com o artesanato que eu vi nele uma possibilidade de, por trabalhar muito com a mente, dar uma aliviada nos meus pensamentos. Consigo controlar a ansiedade quando estou criando, quando estou pensando”, falou Após ver que familiares e amigos o apoiaram com a prática, ela começou a querer empreender com as artes. Então, Valdiza participou do projeto Inova Amazônia em 2021, iniciativa focada no fomento à bioeconomia e inovação na região amazônica, por meio de exposições de negócios e discussões de práticas que respeitem os ecossistemas e as comunidades locais. “No final de 2020, eu passei num processo seletivo do Inova Amazônia, do Sebrae. E aí, tivemos toda a questão de palestras, oficinas e uma espécie de incentivo para que a gente desenvolvesse uma startup. Eu segui nessa linha do artesanato com os recursos da natureza, desidratados, cascas de palmeiras. Então, hoje eu faço de tudo”, complementou. Valdiza também cria painéis usando plantas e demais itens sustentáveis Arquivo pessoal Como parte do projeto, ela passou a ministrar cursos para compartilhar a arte e ajudar mais mulheres a desenvolver o dom do artesanato. As oficinas, todas gratuitas, são formas de democratizar o conhecimento, gerar renda para outras mulheres e de espalhar uma nova cultura de consumo. “Nunca cobrei pelas oficinas, nem pelo material. Tenho tudo armazenado em várias etapas. A ideia é mostrar que é possível criar coisas lindas com o que temos aqui [...] é uma forma de mostrar que o Acre também produz arte com identidade própria. Minhas peças, ninguém vai encontrar igual por aí”, diz. Inova Amazônia Summit vai discutir bioeconomia e promoção de negócios na Amazônia Conexão com o meio ambiente e com o futuro Com o passar dos anos, a partir das experiências obtidas, Valdiza melhorou as técnicas e, nesta nova fase da vida, não se vê mais sem o artesanato. “Eu acho que essa possibilidade de você criar no olhar, isso não tem preço. A arte me salvou, e agora quero que ela salve outras pessoas também”, disse. A história dela mostra que da perda pode nascer propósito, e da simplicidade, inovação. Mais que peças artesanais, ela produz identidade, pertencimento e uma nova forma de se conectar com o meio ambiente por meio de descartes naturais. “Quero compartilhar o que sei. Que outras pessoas, especialmente mães que precisam complementar renda, possam também produzir e vender. Eu fico com as peças mais exclusivas, e elas com as mais comerciais. Todo mundo ganha”, complementou. Peças são comercializadas por meio de encomendas; sonho de Valdiza é aumentar equipe Arquivo pessoal VÍDEOS: g1

FONTE: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2025/06/08/apos-morte-do-pai-servidora-transforma-luto-em-artesanato-com-materiais-reciclados-no-ac-a-arte-me-salvou.ghtml


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